A pandemia impediu que a maior surpresa entre as homenagens do centenário de Clarice Lispector estreasse neste ano: o longa-metragem “A Paixão Segundo G.H.”, do romance homônimo da escritora, obra do cineasta Luiz Fernando Carvalho.

Clarice nasceu em 10 de dezembro de 1920 e publicou “A Paixão Segundo G.H.” em 1964. Surpresa e curiosidade caminham juntas ante a simples ideia de que alguém transponha para a tela esse texto nada convencional, aparentemente “infilmável”, em que a torrente discursiva e o monólogo labiríntico constituem eles mesmos um fato do enredo.

Mas isso é exatamente o que Carvalho gosta de fazer e faz sem medo. Sua relação com a literatura não é de hoje. Transformou em filme o romance “Lavoura Arcaica”, de Raduan Nassar, em 2001, e fez de “A Pedra do Reino”, de Ariano Suassuna, uma minissérie para a TV Globo.